Maratonista acaba de fazer cirurgia de resurfacing e já pensa na São Silvestre
Quem tem um estilo de vida agitado, pratica esportes e tem uma vida sexual ativa não percebe, mas depende muito da estabilidade do quadril. Estudo realizado pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles (Estados Unidos), acompanhou 160 pacientes com dor no quadril e que foram submetidos à cirurgia. Entre os homens, 54% se diziam limitados pela dor do ponto de vista sexual, contra 86% das pacientes mulheres. Já depois da cirurgia, 99% reconheceram que seus movimentos não eram mais limitados pela dor.
De acordo com Lafayette Lage, um dos pioneiros na cirurgia de recobrimento ou Resurfacing metal-metal no Brasil, quem pratica corrida – ou esportes que exigem correr longas distâncias por bastante tempo, como jogadores de futebol – é muito mais vulnerável a sentir dor no quadril. “Tudo depende do uso e do perfil do paciente. Mas é geralmente o adulto jovem, entre os 35-50 anos, que mais recorre à cirurgia para colocação de prótese no quadril e assim poder retomar suas atividades com o mesmo vigor de antes”.
O maratonista Leandro Roberto de Paula, de 35 anos, revela que – juntamente com uma centena de medalhas recebidas em anos e anos de participação em meias-maratonas – adquiriu uma dor no quadril que não permitia mais fazer o que gostava e tampouco qualquer outro movimento sem sentir dor. Com o desgaste da articulação do quadril, que faz parte do processo natural do envelhecimento, mas foi antecipado em decorrência do uso intenso e uma deformidade do quadril presente em 15% dos homens denominado impacto fêmoro- acetabular, ele foi submetido recentemente a uma cirurgia de Resurfacing conforme mostra a figura abaixo tendo iniciado marcha no dia seguinte e recebido alta no terceiro dia e, surpreendentemente, não teve dor alguma após a cirurgia.
“A cirurgia para colocação de prótese metal-metal preserva bastante o estoque ósseo, evitando que osso saudável seja ‘jogado fora’, como acontece com as próteses convencionais. Com os avanços alcançados por esse procedimento ao longo da última década, ele tem se mostrado ideal para pacientes jovens e atletas – embora ele seja uma opção para pacientes com 60 anos ou mais desde que tenham boa qualidade óssea. Claro que essa cirurgia implica numa expertise que nem todos os ortopedistas dominam. Mas, em muitos casos, vale mais a pena optar por outro cirurgião do que aceitar a colocação de uma prótese total convencional – já que a Resurfacing é menos agressiva e preserva osso bom, sem desperdício”, argumenta Lage.
Um dos grandes trunfos para que a cirurgia de Resurfacing seja bem-sucedida, de acordo com o especialista, é garantir que o paciente faça fisioterapia antes e logo depois do procedimento. “O objetivo principal do Resurfacing é substituir a articulação ruim, em que os ossos entram em atrito constante durante os movimentos, por uma nova superfície, que desliza de forma suave. Só assim o paciente poderá retornar às atividades sem dor e sentindo-se mais confiante. Entre os preparativos para que a cirurgia atinja os melhores resultados possíveis está o acompanhamento de um fisioterapeuta – que deverá fazer uma avaliação minuciosa do paciente e da articulação comprometida, documentando as funções de movimento e força de cada lado do quadril. Nessa etapa, o paciente já começa a praticar alguns exercícios que serão necessários desde a fase inicial do pós-operatório – incluindo a alta hospitalar e a volta para casa. O paciente também aprenderá a usar andadores e muletas – que geralmente são necessários nos primeiros dias de recuperação”.
No caso de Leandro, o médico explica que já no segundo dia da cirurgia, ainda no hospital, o paciente começou a se locomover com ajuda de um andador. “Apesar de ter sido submetido a uma cirurgia, o mais surpreendente foi deixar de sentir dor ao andar, sentar ou subir um degrau – coisa que me acompanhava por alguns anos. Desse jeito, meu objetivo é participar da São Silvestre no final do ano”.