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Dor no quadril: especialista ressalta vantagens da prótese de Resurfacing metal-metal sobre as das próteses convencionais e critica a falta de informação sobre este implante

Algumas causas de dor no quadril são bastante comuns, como artrose, necrose, sequelas de traumas e falta da anatomia perfeita do quadril (cerca de 15% das pessoas não podem fazer exercícios de repetição devido a uma anatomia anormal) – neste caso, atletas profissionais e amadores são as principais vítimas. Mas as estruturas do quadril, em especial a cabeça do fêmur, são bastante suscetíveis aos efeitos do alcoolismo e ao uso de corticoides (empregados para tratar alergias e doenças autoimunes) podendo facilmente sofrer um infarto (osteonecrose da cabeça do fêmur). Com o passar do tempo, a pessoa começa a sentir tanta dor que acaba restringindo seus movimentos e comprometendo sua qualidade de vida. Em grande parte dos casos, a cirurgia é o tratamento mais indicado para aliviar a dor e restaurar funções. O problema é que muitos ortopedistas têm optado pela prótese total de quadril quando, na verdade, poderiam optar por um procedimento mais conservador e menos mutilante que a prótese de Resurfacing proporciona.

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De acordo com o médico ortopedista Lafayette Lage, introdutor no Brasil da artroscopia do quadril (cirurgia realizada com videoartroscópio através de dois ou mais pequenos orifícios) em 1993 e, também, um dos pioneiros na cirurgia de Resurfacing (recobrimento da superfície da cabeça do fêmur com uma “coroa da metal”) em 2003, foram necessários vários anos e outros tantos ajustes para evitar problemas eventualmente detectados com a implantação desta prótese muito preservadora do estoque ósseo a qual evita que osso saudável seja “jogado fora” como o que ocorre com as próteses convencionais onde é feito um corte no colo do fêmur descartando muito osso saudável como mostra a figura a acima.

Mas, depois dessa fase de correções e o desenvolvimento de técnicas para se obter o posicionamento ideal dos componentes e, também, evitar que elas se risquem durante a cirurgia (técnicas originais desenvolvida por ele e amplamente divulgadas na Europa e EUA também), o procedimento se mostrou bastante benéfico para os pacientes, principalmente jovens e atletas.

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“Não podemos nos esquecer de que houve uma curva de aprendizagem importantíssima. Obviamente, apesar de toda a técnica necessária, é muito mais fácil para um cirurgião ortopedista implantar uma prótese total de quadril do que optar pela cirurgia de Resurfacing, já que ela implica numa expertise que nem todos dominam e a mesma não perdoa pequenos erros de posicionamento.

Um dos principais motivos da maioria dos ortopedistas falarem mal da prótese metal – metal é que confundem a Resurface com a prótese total metal-metal Big Head a qual foi um verdadeiro desastre entre 2007 e 2012 sendo que esta prótese cortava a cabeça do fêmur e apresentou problemas sérios na junção da cabeça de metal com a haste colocada no fêmur denominada “Trunion”. Ela foi lançada por algumas empresas americanas e europeias em 2007 para copiar o sucesso das Resurfacings inovando com uma prótese Big Head de mais fácil implantação terminando no maior desastre da história da ortopedia com mais de 200.000 pacientes operados (ver rx de uma Big Head)

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1 – Componenente acetabular de metal

2 – Cabeça de metal Big Head

3 – Trunion ( cone onde se encaixa a cabeça)

4 – Haste femoral

Elas foram retiradas do mercado deixando muitos pacientes com sérios problemas mas esta “má fama” acabou sobrando injustamente para a Resurface sendo o maior prejudicado o paciente que é orientado a aguardar com dor e retardar a implantação de uma prótese. “É inconcebível com os conhecimentos que temos hoje, deixar o paciente sofrendo com dor por anos quando a solução para eles é a Resurface ou mesmo uma prótese convencional já que nem todo paciente tem osso saudável para receber uma Resurface” declara Lage. Do ponto de vista do paciente, entretanto, principalmente quando se trata de um adulto jovem e ativo, é bem melhor preservar a estrutura boa e trocar apenas a parte lesionada da cabeça do fêmur. Mal comparando, “é como se optássemos por amputar um dedo necrosado ao invés de extrair um pé ou mão inteiros por causa desse problema de desgaste ou necrose localizado”, afirma o especialista.

Lage explica que, depois de remover a cartilagem danificada, a prótese que vai ser encaixada sobre a parte preservada da cabeça do fêmur é inserida restabelecendo exatamente a biomecânica original do fêmur proximal. A outra parte sim, encaixada no acetábulo como se fosse uma meia laranja sem o miolo é fixada na bacia sob pressão. Ambas as peças são de uma liga de cromo-cobalto e molibdênio extremamente resistentes ao desgaste e a fortes impactos. ( ver rx de uma Resurface)

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Com isso, a prótese têm mostrado uma sobrevivência superior a 95% após 20 anos, isto significa que 95% dos pacientes deverão estar com suas próteses de Resurfacing funcionando muito bem. Foi provado recentemente que a mesma demora 10 anos para amaciar e que após este período ela não sofre mais desgaste. Como ela foi introduzida na Inglaterra em 1991 ainda não podemos dizer o quanto ela vai durar, porém, Lage e um grupo de 27 médicos de 13 países fundadores da Sociedade Internacional de Resurfacing acreditam que ela poderá proporcionar décadas de uma vida saúdavel sem dor e sem limitações depois de analisarem os excelentes resultados de mais de 11386 próteses implantadas em pacientes abaixo de 50 anos sem limitação alguma de atividades diárias. Esse trabalho “INTERNATIONAL HIP RESURFANCING ARTHROPLASTY DATABASE” foi apresentado recentemente no congresso americano de ortopedia em Nova Orleans, no Barcelona Hip Meeting e será apresentado em Londres pela médica reumatologista coordenadora deste imenso estudo prospectivo em outubro deste ano, prof dra Catherine Van der Stratten, no 31 º congresso da ISTA, Sociedade Internacional de Tecnologia em Artroplastia, sociedade que Lage é membro titular e curiosamente o único brasileiro a participar há muitos anos. “Além de preservar a maior parte da articulação, outra vantagem da cirurgia de Resurfacing é a resistência da prótese metal-metal – que é compatível com maiores níveis de atividades físicas do que as próteses convencionais e, também, uma enorme facilidade na troca no caso de haver uma falha da mesma (cirurgia de revisão) o que não ocorre com as outras próteses. Outro ponto importante é a redução dos casos de luxação e de infecção. A prótese de Resurface além de permitir uma maior estabilidade mostrou um índice de infecção menor, provavelmente por ser menos invasiva no osso”.

Apesar de o Resurfacing ser mais indicado em pacientes jovens e ativos, o especialista revela que – dependendo do perfil do indivíduo – ela pode ser uma ótima opção de tratamento de dor no quadril para pessoas de meia-idade tendo implantado em paciente de 70 anos muito ativo e atleta, pois participa de meias maratonas. “Nós avaliamos a idade biológica e não cronológica do paciente” afirma Lage. É o caso do ator Jean Claude Van Damme. “Esse ator, que é mestre em artes marciais e uma pessoa bastante ativa, fez uma cirurgia de recapeamento da cabeça do fêmur em 2013, aos 53 anos, e oito meses depois da operação gravou um comercial para uma marca de caminhões em que abria as pernas num espacate impressionante – demonstrando sua flexibilidade e alongamento mesmo depois de operado. Uma alegria para cirurgiões que preferem tratamentos mais conservadores”, diz Lage.

Finalmente, o autor adverte a importância do seguimento anual de todos os pacientes mesmo que seja à distância através da medição dos níveis de cromo e cobalto no sangue, tema de seu estudo prospectivo. A cada dois anos recomenda que se faça uma radiografia da prótese, seja esta de Resurface ou convencional. “A grande maioria dos pacientes sentem-se tão bem e se recusam a fazer estes check-ups, mas mesmo assim continuo insistindo com eles da necessidade. Assim como você leva seu veículo para uma revisão periódica, uma prótese de quadril necessita ser vista periodicamente mesmo que o paciente nada sinta a fim de detectar eventuais problemas que podem ocorrer e o paciente não sente absolutamente nada”.